Com o passar dos anos fui identificando um sentimento que me acompanha desde sempre e hoje é denominado Síndrome de Impostora. Só abrir qualquer rede social e se deparar com milhares de posts dando conta da neurose que - aparentemente- atinge principalmente mulheres, mais ainda, mães. O culpado é o mesmo de sempre, o patriarcado (e aqui não vale a pena esmiuçar o fenômeno, uma pesquisa rápida nas redes trará informações mais detalhadas).
O ponto que me interessa - e uso muitas sessões de análise para isso - é entender se houve algum evento marcante em minha vida que desencadeou esse rebuliço. Apontar o ponto de inflexão nessa história. E tenho pra mim que consegui determinar quando minha autoconfiança começou a ser minada: na minha primeira recuperação, aos SETE ANOS, em matemática.
Basta dizer que eu e outro aluno fomos os únicos a passarem as férias frequentando aulas na escola naquele verão. Ok, não era uma escola grande, a turma tinha 9 alunos, mas ainda assim, bizarro. A partir daí iniciou-se um longo ciclo de recuperações que só terminou na faculdade e esse estigma de aluna “quase” nunca desgrudou. Ainda que, sempre fiz questão de frisar, nunca tenha repetido de ano. Risos. Mas mesmo nas matérias em que ia bem, como Literatura e História, costumava creditar as notas boas à sorte ou simplesmente gosto pelo tema.
O lance é que todo mundo tem aptidões, facilidade para uns assuntos e dificuldade em outros. E o fato de você ter que se esforçar mais para dominar um assunto, não significa que você não tenha talento para tal. Do mesmo modo que não é porque certas habilidades vêm de maneira tranquila e fácil, não quer dizer que isso não seja talento.
Traduzindo: eu acho que muitas vezes a síndrome de impostora se instaura aí, quando a gente não dá valor para uma habilidade que dominamos naturalmente. Porque é tão óbvio para nós que temos dificuldade em destacá-la como um um asset (desculpa o termo, gente, eu sei).
Aí que vem a maturidade agindo a nosso favor - até que enfim- e vai nos mostrando isso. Como quando você vai trabalhar e percebe que seu coleguinha, normalmente homem - como demonstrado acima - sabe menos que você, mas ocupa uma posição melhor ou quando alguém te parabeniza por um feito e você nem se deu conta que usou uma habilidade só sua que, de tão óbvia, nem pensou que fosse uma habilidade de fato.
E para terminar essa sessão de coach, vou deixar uns conselhos: façam análise e muita autoanálise; na hora que achar que está fazendo tudo errado e que toda a sua vida é uma fraude, dê uma olhada nos post edificantes do LinkedIN (uma experiência). E por fim, pense no nosso ex-presidente, se esse homem fez alguma coisa de bom na vida foi nos ensinar que qualquer um pode fazer qualquer coisa e ainda vão achar bom.
Até a próxima.
Momento Coach
Mdssss!! Totalmente identificada, fiquei em recuperação em matemática com 11 anos, seguida de algumas outras... sempre achando que as minhas aptidões que me permitiram aprender coisas de forma natural, sem muito esforço, não merecem tanto enaltecimento... e a frase que eu "não fiz mais do que a minha obrigação" ecoa na minha mente e invariavelmente tira o brilho dos meus achievements (desculpa! usei! emoji envergonhado). Mas, a psicanálise salva vidas e hoje em dia sou menos dura comigo mesma :-) sigo na luta para passar lustra-móveis nas minhas conquistas. Amando seu blog, flor!!
eu penso assim: cara, talvez eu nao saiba muito desse rolê que eu tou fazendo mas olho aqui em volta e melhor que seja uma coisa nao perfeita feita por mim do que por esse mané aqui do meu lado que acha que arrasa mas só faz merda. Sei la, funciona haha. Uma coisa é certa, quando vc vê uns caras feios e decadentes cantando umas gatas inteligentes achando que tao arrasando, cara, eu penso, preciso aprender essa auto-confiança do homem-40-branco-hetero, mas claro, tendo noçao.