O capitalismo nos condenou à monogamia
A relação aberta é para poucos, embora tentem nos convencer do contrário
Vendida como prática democrática, a relação não monogâmica é mais um exemplo de como a boa vida é exclusividade de poucos eleitos. O capitalismo não perdoa, e o sexo livre, antes tido como diversão gratuita, agora também pertence àqueles que não têm boletos para lhes tirar o sono.
Bela Gil – sempre ela – recentemente declarou que seu antigo casamento – que durou vinte anos – só se sustentou por conta de um acordo entre ela e o marido de manterem a relação aberta. Revelou, inclusive, que durante esse tempo todo teve três namoros longos onde estava totalmente apaixonada.
Então é isso, querem nos enganar e dizer que comer orgânicos, variar cardápio todo dia, cultivar tempo de qualidade com a família e manter relacionamentos paralelos é possível para qualquer mortal. Bom, não é.
Ficando apenas na realidade da classe média – essa que a cada ano fica mais fudida, espremida e acumula dívidas – quem consegue conjuminar tamanha demanda? Um casal com filho, que conta com no máximo uma diarista semanal, obrigado a dividir todas as tarefas domésticas, dar conta da criança e suas atividades e ainda trabalhar nove horas por dia (sem translado) não tem a menor condição de incluir terceiros na rotina. Pode até dar uma pulada de cerca, mas manter constância, dedicar tempo, esforço e romantismo, é difícil. O povo está agendando trepada com o cônjuge, que dirá esbanjar saúde assim pra fora.
Porque, note bem, Bela disse que teve NAMOROS onde estava APAIXONADA. A pessoa apaixonada não se contenta com encontros quinzenais, é papo de dar atenção, de cuidar. Isso aí só delegando função. Para esse lifestyle carefree só com babá, cozinheira, faxineira e semana de quatro dias de trabalho.
Não estou criticando, não. Acho ótimo e saudável que as pessoas levem suas vidas como acreditam, mas acho inviável para 90% da população. Sem falar que o social sai caro, né? Presente, jantar fora, cinema… Tudo dobrado. Portanto, antes de ter essa complicada conversa com sua cara-metade, correndo o risco de arrumar mais uma dor de cabeça para sua já complicada vida, vale dar uma boa avaliada na rotina, na conta bancária e ver se você tem como bancar esse estilo de vida antes de sair por aí querendo abraçar o mundo com as pernas (perdão o trocadilho, foi mais forte que eu).
só li vdds
Certeira e engraçada como sempre. 🤗