Se você é frequentador de academia e não é rico, certamente já foi parar em alguma das unidades da onipresente Smart Fit. Ninguém está lá por escolha, ninguém gosta, mas não tem como fugir, ela vai até você. Só em Botafogo, aqui no Rio, são quatro unidades com mensalidades que batem qualquer concorrência. Um fenômeno.
Eu sou uma dessas pessoas. Certamente preferiria estar na BodyTech ou Velox, lugar de gente feliz, de bem com a vida, que exala dinheiro e falta de problemas. Minha filha faz natação numa dessas. Outro ambiente, até o cheiro é diferente. Mas para ela ser feliz, eu sacrifico o meu quinhão e parto para a luta diária por aparelhos superlotados e suados. Na Smart não há tranquilidade, ninguém tá de bobeira e todo dia é uma batalha. Já os alunos (se esse for o termo correto) formam uma mistura interessante, uma fauna toda própria.
Ao contrário do que já vi em outros ambientes mais requintados, a Smart é democrática, há gente de todas as classes e idades. Velhinhas que vão de sandálias tipo papete e bolsinha de crochê com celular, à gatinhas recém ingressas na faculdade, que às sextas malham de óculos escuros para esconder a ressaca. Há homens super mega sarados, do tipo body builder e outros que querem muito chegar lá e soltam gritos peculiares ao levantar peso. Tem um específico que curte colocar todas as placas na cadeira flexora, faz uma ou duas repetições e deixa o troço cair num estrondo de tremer as estruturas do prédio. E ainda solta uns “filho da puta, porra” altão. Não sei contra o aparelho ou é algo motivacional. Todo mundo para pra ver – disfarçadamente – e desconfio que ele ame isso.
No quesito coroas tem dois que gosto muito, um que fala no celular o tempo inteiro, mas não usa fone, não. Ele segura o aparelho junto à orelha, como os fenícios, enquanto faz abdominal. Um case. Outro malha com uma personal de lá e passa a aula inteira se lamuriando para a pobre sobre como é injustiçado no trabalho. Totalmente obcecado pelo chefe. Eu tenho muita pena dessa pobre alma, eu espero que ela esteja cobrando alto.
Tem o sujeito que vai com camisa de escola de samba – os de camisa de time nem comento, porque acho que essa cafonice está em todos os lugares – , um casal que anda de mãos dadas entre os aparelhos, e algumas coroas cocotas, loiras e bronzeadas, cujos corpos – saradíssimos, siliconados – não condizem com o rosto. E tem ainda a galera que, desconfio, frequenta o espaço só pelas cadeiras de massagem, concorridíssimas sempre. Infelizmente meu plano não dá direito a essas belezinhas. Sim, sou baixo clero da Smart.
Apesar de tudo, o caos me distrai. Claro que adoraria não ser obrigada a revezar aparelho, muito menos limpar o suor deixado ali por terceiros. Seria ótimo ter mais espaço ou menos densidade populacional, mas e a crônica, onde fica? No mais, se você for um smarter me dê um toque aqui, quem sabe não acabamos lado a lado na esteira?
hahaha já fui smarter e o que me motivava a frequentar aquele ambiente pitoresco era a cadeira massageadora. Nossa, eu amava. E um amigo meu era personal e sempre descolava umas moedas a mais (eu frequentava no horário de herdeira, então a salinha zen ficava sempre à disposição). Beijos.
kkk amei