Aconteceram duas coisa tristíssimas no último fim de semana: morreram o pai de uma amiga e mãe de outra. O pai da amiga morreu em outra cidade, de modo que não pude confortá-la pessoalmente, já a mãe da outra foi aqui no Rio, então, domingo de manhã, depois de prestigiar meu marido numa prova de natação na praia de Copacabana, fui para o velório.
A vida tem dessas coisas, os momentos mais felizes de alguém coincidem com o pior de outra pessoa. Meu marido comemorava seu primeiro Rei do Mar depois de vencer um câncer no intestino, já a mãe da minha amiga foi vítima de um câncer fulminante que a levou poucos meses após o diagnóstico. Mas, apesar de tudo, não foi um velório pesado (péssima escolha de palavra). Minha amiga estava tranquila, tinha tido tempo de se despedir e curtir a companhia da mãe enquanto deu. Ela cantou suas músicas preferidas e foi tudo muito bonito.
Também foi ótimo (outra escolha ruim) reencontrar amigos que não via há tempos, pessoas que durante anos importantes fizeram parte da minha vida. A sensação era de estar num filme. Falamos sobre casamentos, filhos, saúde e fizemos piada com o fato de estarmos nos vendo mais em velórios do que festas hoje em dia. Obviamente isso não é exatamente verdade, mas entramos naquele modo engraçadinho para evitar a tristeza e o drama. Eu disse que não era exatamente verdade, mas tampouco é mentira, há dois ou três anos fui no velório da mãe de outra amiga – desse mesmo grupo – e reencontrei mais amigos que há muito não via. Os dois velórios viraram uma grande social, um último capítulo de novela, onde vários núcleos se encontram e botam a vida em dia.
É estranho ficar feliz em rever pessoas queridas num momento tão inapropriado, mas, por outro lado, por que não? Ficamos felizes em saber que estamos vivos, que essas pessoas são boas amigas e estamos nos confortando diante da morte. É bom, sim, ainda que a ocasião não seja. E é importante celebrar que ainda estamos aqui e que os que se foram farão falta, são queridos e serão lembrados. Mas não precisamos fazer isso só em sofrimento, mas também no riso e na alegria, porque a morte, bem, faz parte da vida.
Há dois anos, em dezembro, eu vivia um dos piores momentos da minha vida, meu marido havia sido diagnóstica com câncer e tinha acabdo de fazer uma cirurgia de retirada do tumor. Em dezembro ele se recuperava para iniciar, em janeiro, um tratamento de quimioterapia que duraria ainda seis meses. Foram tempos difícies, mas também teve momentos alegres, porque a vida tem dessas coisas. Nesse último domingo chorei muito — pelas minhas amigas, de emoção pelo meu marido — mas também ri e fiz outros rirem, que bom.
E para terminar queria deixar um beijo enorme para Laura e Fernanda, seus respetivos pai e mãe tiveram muita, muita sorte de terem tido vocês como filhas, vocês são puro orgulho. Amo vocês <3
<3 Impressionante como amigos e abracos reais e virtuais ajudam nesse hora <3
eeeeh lindona! lembro sempre do velorio da mae de clarice, onde estava a nata das mamaes jornalistas e fomos todos curtir um chope na cobal depois, pra conversar sobre a vida.